sábado, 20 de julho de 2013

Pode errar no Doutorado? Posso trocar de Projeto? Dá pra salvar meu HD? A bola disse: "cannot predict now."

     Ai que dia longo! O disco rígido do notebook deu pau. Já era. Mas se não bastasse, o back up também não pode ser acessado. Entretanto, este post não é para falar das minha mazelas, mas das mazelas de pós-graduandos. Dentre as muitas que o leitor pode estar a elencar neste momento, tratarei de uma: a crise com o projeto de pesquisa. Hoje eu assisti a 2 pós-graduandos (PG) passando por essa crise. Um acabara de provar cientificamente o porquê de n=1 não ser viável, apesar da insistência do chefe. O outro experimentara o sabor da traição, da atração fatal que quase todo PG desenvolve pelo projeto paralelo ao da tese. O primeiro, convenhamos, está com mais problemas, mas ainda há tempo de acertar, já que padece da dor do não saber e essa tem cura. Já o segundo, o sofredor do tesão recolhido pelo projeto fruta, proibidão, padece da dor do saber e saber-se demais.
     Esse segundo é um tipo com alta capacidade de aprendizado científico, pessoal e interpessoal. É aquele que, já no mestrado, descobre do que gosta, o que quer fazer no doutorado e já tem perspectivas reais de carreira. Esse vai sofrer com o engessamento dos projetos baseados em idéias estapafúrdias, hipótese inexistentes e, mesmo assim, fomentados pelas agências que querem o artigo publicado. O cara vai ter que casar, dormir e procriar com essa bruxa por vários anos, sendo que no início, usaram da sua ignorância para amarra-lo à ela. Dá pra trocar? Dá, mas nunca é fácil. Esse cara, ao contrário do que parece, não é vítima de seu orientador somente. Ele é vítima de um sistema que não forma ninguém na base e que se não engessar, não consegue "produzir" segundo as definições da CAPES. Isto está mudando. Muitos já são os orientadores e ambientes científicos preocupados em formar educadores, pesquisadores e cidadãos melhores.
     A pós-graduação não é apenas um projeto a ser realizado cujo relatório deve ser entregue e o artigo produzido; é um trabalho formativo que oferece a chance de praticar a ciência independente e crítica com a qual o PG flerta, mas acaba casando com outra...
     Os erros levarão ao questionamento dos métodos e até da hipótese levantada no projeto. Os questionamentos científicos se desdobrarão e levarão o indivíduo a questionar sua capacidade. Essa angústia (não paralisante) gera a busca pelo aprimoramento, pelo conhecimento e também eleva a autoconfiança. É no momento de crescimento e aparente crise que o PG se pergunta: "Como eu não vi isso antes?". Essa é a pergunta que segue o aprendizado.Toda crise é crescimento e tudo que parece ruim tem um lado bom que fortalece e faz crescer.
    Quando eu achava que o meu dia, ou melhor, a minha vida, havia acabado tive dois encontros que me fizeram colocar meus problemas em perspectiva e perceber que o que eu perdi eram apenas dados. Se vc está nessa situação, faça o mesmo. Você vai perceber, assim como eu, que os projetos alí guardados, os papers, os dados, tudo pode ser refeito. E pode porque quem fez fui eu. Tudo o que eu aprendi durante a pós, pós-docs, perrengues e festas vive em mim e não no meu computador.
Obrigada, queridos PGs de hoje. Sintam-es homenageados e tenham todo o meu carinho.
Lu

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Hora da Nova Uni(di)versidade

Ontem, o dia mais quente dos últimos 3 anos em SP, estava beeem difícil trabalhar. Nem o ar condicionado dava conta. Estava tão quente que nem dava para trabalhar com bactéria em TA...morreriam todas! Tendo tudo isso em mente e sentindo os efeitos na carcaça que já vai avançando na idade, resolvi colocar em prática uma das sugestões do Prof. Luiz Bevilaqua: o ócio produtivo.
Para quem não conhece o Prof. Bevilaqua, de uma olhada aqui: http://www.abc.org.br/~bevilacqua .
Um exemplo a ser seguido!

Ensino na Universidade

          Com a criação de tantos cursos novos em Universidades Federais, surgem possibilidades de mudança nunca antes vistas na área de pesquisa e educação. Os novos campi são páginas em branco, os cursos são páginas em branco e muitos dos professores também o são. Isto faz com o momento seja perfeito para criarmos uma nova legião de educadores, mais modernos e criativos, que abandonem as aulinhas cheias de conceitos que não se relacionam com nada do dia-a-dia, não resolvem problemas e não estimulam os alunos a serem atuantes no processo de aprendizado. Antes que os mais exaltados defensores da educação formal movam um levante, deixe-me dizer que não sou  apenas eu quem acha isso. Jim Lengel, da Universidade e Nova York, diz que as aulas são 2.0 enquanto a nossa sociedade e o mercado de trabalho já são 3.0. O que isso quer dizer? Quer dizer que, até agora, a educação (seja primária ou superior), acompanha o momento social e que, nesse caso, nosso modo de "ensinar" está atrasado e démodé. O mundo hoje é integrativo e  multitarefas.
          Olhe em volta e repare: quem aí está fazendo apenas 1 tarefa por vez? Quem está no computador tem pelo menos duas abas abertas ; quem está estudando está ouvindo música; quem está dirigindo está ouvindo rádio, mandando mensagens pelo celular e acompanhando o GPS. Quem chega hoje para estudar nas universidades tem mais ou menos 20 anos. Estes nossos alunos cresceram com computador, vídeo game e celular nas mãos. Eles estão acostumados a fazer mil coisas ao mesmo tempo porque a vida deles sempre foi assim. Eu, que agora escrevo este texto com 32 anos, estou só a fazer isso, mas com 2 telas de computador para pesquisar referências ao mesmo tempo que escrevo e verifico meu celular a cada 2 minutos. Não tem mais jeito. Não sabemos fazer 1 coisa por vez e ser obrigado a fazer isso, prestando atenção apenas à explicação de um professor, por exemplo, sem que ele tenha perguntado nada, é muito chato. Essa geração não entende direito que são obrigados a fazer algo. Eles se rebelam e isso é ótimo. Hoje, quem está na sala de aula, é porque gosta do que está vendo. Quem duvida disso, pergunte para os professores mais antigos quantos alunos fazem aulas presenciais? Se a aula é chata e monocromática, ninguém aparece. Eles não precisam mais do professor chato e retrógrado. À eles, a tecnologia substitui muito bem.
          Recentemente (03-04-13) o estadão publicou um texto (sem autor) intitulado "Escola digital desafia professor analógico". Logo no início lê-se:
"A idéia de professores analógicos em escolas com alunos digitais sempre volta à tona quando o debate é a chegada da tecnologia na sala de aula. A diferença de gerações é essencial nessa relação, mas há uma crise que cabe principalmente ao poder público resolver: a formação dos docentes ainda não contempla essa nova realidade e desafios."

           Entendo que o foco da reportagem seja o professor do ensino fundamental e médio, contratados há mais de 20 anos, e aí sim se justifica tal matéria sobre aulas retrógradas de professores que não sabem utilizar a tecnologia em sala.Entendo também que o poder público deva capacitar tais professores. Entretanto, nas Universidades recém criadas que acolhem a nova geração de Doutores, onde professores tem seus 30 anos, não há justificativa para uma aula ministrada como no século XX: alunos enfileirados, professor à frente, giz e lousa e só.
          O docente que inicia sua carreira dentro dessas universidades, que são telas em branco, não tem o direito de reproduzir as aulas tradicionais as quais foi obrigado a assistir e das quais já não gostava. Tem sim a obrigação de fazer diferente. Essas universidades foram criadas para formar profissionais modernos, isto é,  multifacetados, forjados na interdisciplinaridade e na integração de áreas, capazes de identificar problemas e buscar soluções. Nós não fomos formados assim, mas sabemos exatamente do que não gostávamos durante a nossa formação e as lacunas que ficaram. O tempo passou e a sociedade mudou. Simples assim.
          Quem de nós não usa o celular ou o Google? Na minha experiência, a permissividade em sala de aula me rendeu bons frutos. A liberação do uso de celulares, computadores e tablets tornou a aula mais interessante e meu papel se tornou o de um "guia do saber"; alguém que sugere sites, sugere livros, sugere temas a serem explorados. Eu não ensino nada. Eu ofereço oportunidades interessantes para o aprendizado. Quem aprende é o aluno. O que nos falta é mesmo a tecnologia em sala de aula? Sim, sem dúvida ela ajuda, mas também falta coragem por parte dos professores de mudar de tática e humildade para sair do foco, descer do pedestal e se colocar à margem, como uma linha que permeia a estrada e não mais o carro que lidera o comboio. Se sairmos da frente, eles chegarão longe!

Embarque para Post-Doc: check list.

  • escolher a área de interesse
  • fazer uma lista de laboratórios que trabalhem na linha de pesquisa escolhida. Levar em consideração: publicações, grants e que rumo tomaram os ex-alunos.
  • reduzir a lista aos 5 melhores (seja ambicioso: o NÃO você já tem, o que vier é lucro).
  • preparar uma carta de apresentação para cada laboratório. Todos gostam de ser únicos e especiais...cientistas não são diferentes.
  • capriche no CV. Não pode haver nenhum errinho!!!
  • Peça para alguém ler a carta e o CV... de preferência alguém crítico e com experiência na área.
  • Envie cada carta para cada um dos laboratórios no corpo do email. Anexe o CV. Mande um de cada vez!!! Emails em bloco são horríveis!
  • paciência é fundamental...a respota pode demorar. Se passar de mais de 2 semanas, mande novamente e peça desculpas...diga que acha que teve problemas com o computador e que não sabe se a pessoa recebeu o email anterior...Anexa tudo e manda!
  • A sorte está lançada! veja os links para saber como escrever as cartas, CV e outras coisinhas...