Ai que dia longo! O disco rígido do notebook deu pau. Já era. Mas se não bastasse, o back up também não pode ser acessado. Entretanto, este post não é para falar das minha mazelas, mas das mazelas de pós-graduandos. Dentre as muitas que o leitor pode estar a elencar neste momento, tratarei de uma: a crise com o projeto de pesquisa. Hoje eu assisti a 2 pós-graduandos (PG) passando por essa crise. Um acabara de provar cientificamente o porquê de n=1 não ser viável, apesar da insistência do chefe. O outro experimentara o sabor da traição, da atração fatal que quase todo PG desenvolve pelo projeto paralelo ao da tese. O primeiro, convenhamos, está com mais problemas, mas ainda há tempo de acertar, já que padece da dor do não saber e essa tem cura. Já o segundo, o sofredor do tesão recolhido pelo projeto fruta, proibidão, padece da dor do saber e saber-se demais.
Esse segundo é um tipo com alta capacidade de aprendizado científico, pessoal e interpessoal. É aquele que, já no mestrado, descobre do que gosta, o que quer fazer no doutorado e já tem perspectivas reais de carreira. Esse vai sofrer com o engessamento dos projetos baseados em idéias estapafúrdias, hipótese inexistentes e, mesmo assim, fomentados pelas agências que querem o artigo publicado. O cara vai ter que casar, dormir e procriar com essa bruxa por vários anos, sendo que no início, usaram da sua ignorância para amarra-lo à ela. Dá pra trocar? Dá, mas nunca é fácil. Esse cara, ao contrário do que parece, não é vítima de seu orientador somente. Ele é vítima de um sistema que não forma ninguém na base e que se não engessar, não consegue "produzir" segundo as definições da CAPES. Isto está mudando. Muitos já são os orientadores e ambientes científicos preocupados em formar educadores, pesquisadores e cidadãos melhores.
A pós-graduação não é apenas um projeto a ser realizado cujo relatório deve ser entregue e o artigo produzido; é um trabalho formativo que oferece a chance de praticar a ciência independente e crítica com a qual o PG flerta, mas acaba casando com outra...
Os erros levarão ao questionamento dos métodos e até da hipótese levantada no projeto. Os questionamentos científicos se desdobrarão e levarão o indivíduo a questionar sua capacidade. Essa angústia (não paralisante) gera a busca pelo aprimoramento, pelo conhecimento e também eleva a autoconfiança. É no momento de crescimento e aparente crise que o PG se pergunta: "Como eu não vi isso antes?". Essa é a pergunta que segue o aprendizado.Toda crise é crescimento e tudo que parece ruim tem um lado bom que fortalece e faz crescer.
Quando eu achava que o meu dia, ou melhor, a minha vida, havia acabado tive dois encontros que me fizeram colocar meus problemas em perspectiva e perceber que o que eu perdi eram apenas dados. Se vc está nessa situação, faça o mesmo. Você vai perceber, assim como eu, que os projetos alí guardados, os papers, os dados, tudo pode ser refeito. E pode porque quem fez fui eu. Tudo o que eu aprendi durante a pós, pós-docs, perrengues e festas vive em mim e não no meu computador.
Obrigada, queridos PGs de hoje. Sintam-es homenageados e tenham todo o meu carinho.
Lu
Magic Ball é um brinquedo. Você faz uma pergunta e uma "bola mágica" te responde se sim ou não. Na caixa lê-se "resolvendo os dilemas da vida desde 1950". Apesar de cientista e portanto muito racional e metódica, acredito na sorte, na energia das pessoas e na força das palavras. Este blog, que antes se chamava blog da Lu (eu), se destina a publicação de textos sobre assuntos científicos e (inter)pessoais, onde uma pitada de sorte é sempre bem vinda.
sábado, 20 de julho de 2013
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- escolher a área de interesse
- fazer uma lista de laboratórios que trabalhem na linha de pesquisa escolhida. Levar em consideração: publicações, grants e que rumo tomaram os ex-alunos.
- reduzir a lista aos 5 melhores (seja ambicioso: o NÃO você já tem, o que vier é lucro).
- preparar uma carta de apresentação para cada laboratório. Todos gostam de ser únicos e especiais...cientistas não são diferentes.
- capriche no CV. Não pode haver nenhum errinho!!!
- Peça para alguém ler a carta e o CV... de preferência alguém crítico e com experiência na área.
- Envie cada carta para cada um dos laboratórios no corpo do email. Anexe o CV. Mande um de cada vez!!! Emails em bloco são horríveis!
- paciência é fundamental...a respota pode demorar. Se passar de mais de 2 semanas, mande novamente e peça desculpas...diga que acha que teve problemas com o computador e que não sabe se a pessoa recebeu o email anterior...Anexa tudo e manda!
- A sorte está lançada! veja os links para saber como escrever as cartas, CV e outras coisinhas...