segunda-feira, 14 de julho de 2008

Sair do país para adquirir excelência (Ricardo Borges)

Tenho percebido dois pontos opostos com relação a esse tema. Uns que são extremamente a favor e outros que são radicalmente contra. Óbvia a dicotomia, uma vez que somente existem estas duas possibilidades. O que quero deixar aqui registrado é a minha PERCEPÇÃO dos motivos de cada grupo nesta dicotomia: com os que tenho conversado e não consideram sair do país em geral fazem parte de grupos grandes ou estão em áreas em que haja muitos laboratórios com temas semelhantes, enfim, com bastante gente com a qual trocar figurinha, enquanto que os que consideram sair do país por um tempo fazem parte de grupos pequenos. No caso específico da minha área (onde ainda há poucos grupos no país, apesar da recente expansão), é bastante difícil sair do ambiente de laboratório para discutir os resultados de experimentos (também temos tentado reverter esse quadro). Além disso, considero importante ter uma idéia mais abrangente de pontos teóricos cruciais da área, e a visão mais ou menos homogênea a que estamos submetidos (pela escassez de pessoas na área) não é interessante. Cheguei a ponto de duvidar se a minha capacidade como cientista residia no fato de discutir bem meus resultados ou se porque conseguia encaixar meus argumentos na visão de minha orientação. Basicamente não sei se consigo pensar por mim ou se aprendi a reproduzir bem o que aprendi (e fui muitíssimo bem ensinado), e nesse caso, seria importante entrar em contato com a diversidade.Não sei porque ainda existe esse problema em se sair do país por um tempo. Lá fora existe a enorme facilidade em se produzir, decorrente da mega-oferta de reagentes e equipamentos, o que em si já é um enorme incentivo, mesmo para grupos grandes (e não precisam esperar pelo IBAMA, ANVISA, importação e etc para conseguir o material para trabalhar).

2 comentários:

LuCapelo disse...

O teu desabafo é válido. O Blog também tem essa função!
Sobre a dicotomia, acredito que a iniciativa de sair ou ficar não se deva apenas a facilidade encontrada em uma ou outra opção. Acredito que é totalmente dependente do aluno; dependente da sede de conhecimento que o cara tem. Sempre existe algo a ser aprendido em outros labs, independentemente se aqui já se tem o bastante.
Abraço!

Ana disse...

Eu concordo plenamente, mas acho que dentre todas as dificuldades e opiniões adversas, temos ainda que transpor o obstáculo da bolsa de estudos, já que, principalmente na Europa tem-se tanta dificuldade de conseguir os ORSAS e as Overseas scholarships.
Eu tive iniciativa, vontade e contatos. Mas estou cada vez mais desapontada com o pouco incentivo daqui e de lá...
Infelizmente pra se fazer ciência não basta amar, tem que estar muito disposto, a gente tem que engolir muita coisa...

Embarque para Post-Doc: check list.

  • escolher a área de interesse
  • fazer uma lista de laboratórios que trabalhem na linha de pesquisa escolhida. Levar em consideração: publicações, grants e que rumo tomaram os ex-alunos.
  • reduzir a lista aos 5 melhores (seja ambicioso: o NÃO você já tem, o que vier é lucro).
  • preparar uma carta de apresentação para cada laboratório. Todos gostam de ser únicos e especiais...cientistas não são diferentes.
  • capriche no CV. Não pode haver nenhum errinho!!!
  • Peça para alguém ler a carta e o CV... de preferência alguém crítico e com experiência na área.
  • Envie cada carta para cada um dos laboratórios no corpo do email. Anexe o CV. Mande um de cada vez!!! Emails em bloco são horríveis!
  • paciência é fundamental...a respota pode demorar. Se passar de mais de 2 semanas, mande novamente e peça desculpas...diga que acha que teve problemas com o computador e que não sabe se a pessoa recebeu o email anterior...Anexa tudo e manda!
  • A sorte está lançada! veja os links para saber como escrever as cartas, CV e outras coisinhas...